“Mocinho não se decora um lar….
o que se decora é o espaço físico chamado casa…cuidado mocinho!
Foi mais ou menos assim, um e-mail, que recebi após o lançamento do meu livro.
De imediato, nada respondi. Estava em um período muito difícil, mas de algum modo fui tragado por esta frase que por processo natural decantou em mim….Afinal, todo mundo sabe que uma casa é bem diferente de um lar, e poucos tratam a casa apenas como quatro paredes e um telhado.
Possuir uma casa nos torna rico, porém, construir um lar virou um meio de contentamento frente a um mundo conturbado e repleto de estranheza.
A casa própria é um desejo de todos, porém quando alguém sonha com felicidade, sonha com um cantinho aconchegante e protetor, com uma cozinha sortida de instrumentos e acessórios, de onde saíra muito sabor, ou ainda um sistema de entretenimento caseiro de luz, som e imagem. Um Lar.
Para mim, acabou há muito tempo a época na qual, bastava fazer pesquisa em revistas, sites, lojas, feirinhas vintage, etc.. na busca da inspiração do processo criativo. O visual pelo visual, causa uma estrutura vazia.
Decorar um lar, envolve um tipo apurado de percepção, a percepção de quem “construiu um olhar” para compreender o contexto social na qual se insere, não só pelo estudo, mas também por apurada sensibilidade e espírito criativo, além de foco e direcionamento, na busca de um produto certo para seu consumo.
Este é o legado que estamos “aprendendo” e criando para as gerações futuras, onde o passado e o contemporâneo, devem conviver e conversar em total harmonia, reler o tempo nos objetos e os objetos dos tempos, conversando entre si.
Decorar um lar, é a árdua tarefa de transformar um produto massificado, em único, na busca pelo espaço privilegiado. “A busca do significado, será o propulsor nuclear do século XXI para as sociedades ocidentais, imbuída com uma tremenda escolha material e carregada de uma abundância sem significado”. Estamos em tempos voláteis, e a decoração de um lar não pode ser estagnada, o desejo antigo de bem estar a todo custo foi trocado pelo desejo de bem estar necessário. Existe uma força de mudança cotidiana muito presente, criada entre a tensão do o que eu sou e o que eu quero ser, que envolve os dois lados do celebro humano, racional e emocional, transformando a casa em um espaço mutante e mutável.
Utilizando como matéria prima, as aspirações, sentimentos, desejos, sensações, atitudes, hábitos, idéias e escolhas do morador, o lar torna-se então um lugar seguro, um oásis urbano, um laboratório multidisciplinar e transdisciplinar cheio de liberdade, saindo do lugar comum e adentrando no rico universo das obras pessoais e diferenciadas com uma linguagem própria e cheio de estilo.
Fabio Galeazzo
Primeiro livro do Fabio Galeazzo, com quase 10 anos, vendido pela Amazon.com.br